Por Isac Silva
Os jumentos são mamíferos e, como tal, as fêmeas dessa espécie são capazes de produzir leite para alimentar as suas crias. No Brasil, não há a tradição de tirar o leite de jumenta, para consumo humano. Mas diante das mudanças no uso desses animais, que perderam espaço em trabalhos de carga para veículos como motos e carros, há pesquisas estudando o potencial das jumentas como produtoras de leite.
Estudo recente
Um trabalho desenvolvido por um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco estudou a produção de leite das jumentas. A equipe comparou a produção de leite de 14 jumentas, divididas em dois grupos, um formado por fêmeas de primeira cria (primíparas) e outro por fêmeas mais maduras, a partir da segunda cria (multíparas).
O que os pesquisadores encontraram?
As jumentas dos dois grupos produziram uma quantidade de leite parecida, em média 5 kg de leite por dia. Essa produção foi acompanhada durante seis meses. Ao longo do tempo, os estudiosos observaram mudanças na composição do leite.
No começo do período de produção, as jumentas produziram um leite mais rico em proteínas e gorduras. Durante os meses seguintes, as quantidades de proteínas e gorduras foram diminuindo aos poucos. No caminho contrário, a quantidade de lactose, que é o açúcar do leite, aumentou, entre o começo e o final da lactação.
Será que vai dar certo?
A exploração do leite de jumenta em nível comercial não acontece no Brasil. Pode ser uma barreira cultural que será vencida nos próximos anos. Pesquisas como essa ajudam a conhecer melhor o produto e dar indicações de como ele pode ser melhor aproveitado.
Até que se popularize o consumo do leite ou de derivados do leite de jumentas, como queijos ou iogurtes, é preciso que haja mais investimentos em pesquisa e no desenvolvimento de toda a cadeia de produção e de comercialização desses produtos. E além de produzir, é essencial que se crie demanda entre os possíveis consumidores.
Caso ideias como essa ganhem popularidade na região nordeste, haverá um grande potencial a ser explorado, já que muitos criadores doaram ou abandonaram os seus animais. Quem sabe identificando outras qualidades e capacidades dos jumentos, os criadores do nordeste possam seguir valorizando esse animal resistente à seca e dando novo sentido à sua criação, diminuindo o abandono de animais ou a sua venda para abatedouros.

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