Suplementação proteica melhora a eficiência alimentar em bovinos de corte

Por Isac Silva

No Brasil, a maior parte do rebanho bovino é para a produção de carne. E de norte a sul do país, o principal sistema de criação é à pasto. É possível melhorar a eficiência alimentar dos animais usando suplementos alimentares, aumentando a conversão alimentar, que é a transformação do alimento em carne, no animal, aumentando o seu peso.

Ao longo do ano, com as mudanças nas estações, o pasto sofre alterações. No Brasil, no verão, o pasto recebe alta luminosidade e um grande aporte de água por meio das chuvas. É nesse período do ano que as pastagens estão com o seu maior potencial produtivo, tanto em quantidade, quanto em qualidade. Na medida em que os meses passam, as chuvas diminuem e, a depender da região, o calor intenso ou o frio, fazem com que o pasto perca qualidade e diminua a oferta de alimento para os animais.

É nesses momentos de escassez de alimento de boa qualidade no pasto, que a suplementação ganha mais importância. Com ela, o criador tem o objetivo de dar ao animal aquilo que a pastagem não consegue mais suprir sozinha. Assim, o criador mantem o peso e o bom estado dos seus animais, podendo inclusive continuar fazendo o rebanho ganhar peso, a depender do esquema de suplementação. Além do ganho de peso, que é muito importante para as categorias em recria e engorda, a suplementação fortalece o sistema imunológico dos animais, melhoram o bem estar e garantem a manutenção do ciclo reprodutivo, porque os animais não passam por deficiências nutricionais.

Uma das formas de fazer a suplementação proteica para bois e vacas é por meio da oferta de farelo de soja. A soja é uma leguminosa rica em proteínas, com alta digestibilidade e muito disponível no mercado. Uma das desvantagens da soja é que se trata de um produto exportado pelo Brasil. Então, o seu preço pode variar de acordo com a quantidade de grão que é vendida no país.

Uma alternativa ao farelo de soja pode ser o caroço de algodão e o caroço de açaí. Outras alternativas para a suplementação proteica usando a soja, é por meio de plantas fornecidas a fresco, como Moringa oleifera (moringa) e a Leucaena leucocephala (leucena). Essas plantas são muito interessantes em regiões mais distantes das áreas de produção de soja ou regiões de clima mais seco, como o semiárido do nordeste (caatinga). Tanto a moringa, quanto a leucena são plantas resistentes e de crescimento rápido e que estarão disponíveis o ano inteiro para o rebanho, como complemento para a pastagem.

É importante lembrar que a suplementação proteica vai dar mais resultados se for associada com a suplementação mineral. Quando o pasto não está bom, ele fica mais pobre em todos os nutrientes, incluindo as quantidades de minerais. Por isso, é preciso pensar em todos os nutrientes ao escolher os suplementos alimentares para os bovinos no período com menor disponibilidade de pasto. Também existe a opção de fornecimento de sal mineral proteinado, garantindo os minerais e o proteínas que os animais mais precisam no período seco.

As vantagens da suplementação proteica para bovinos de corte vão além do ganho de peso. São uma forma de prevenir o efeito sanfona nos animais e também garantir que as fêmeas se reproduzam com menor intervalo entre partos. Ocorre também uma melhora do bem estar e da saúde geral dos animais, que não passam pelo estresse nutricional causado pelo consumo de uma pastagem que fica mais pobre em todos os nutrientes necessários. O uso de forrageiras como leucena e moringa trazem vantagens adicionais. São uma opção mais barata para os fazendeiros, porque podem ser plantadas na propriedade. Além disso, por serem plantas de crescimento rápido, também absorvem mais carbono da atmosfera, ajudando a compensar os impactos ambientais da criação de bois em larga escala (como a emissão de gás metano pelos animais).

Para suplementar os animais, os produtores terão novos custos. Por isso, é muito importante avaliar as oportunidades em sua região, escolhendo aqueles alimentos que sejam mais abundantes, disponíveis no mercado local ou que possam ser plantados na própria fazenda. Mesmo fazendo um investimento extra, a manutenção do ganho de peso dos animais e de todos os demais benefícios, vão garantir que o rebanho gere recursos que compensem esse investimento extra.

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