Minha Terra Brasil

Por Isac Silva

Galinha de quintal

Antes de mais nada, gostaria de deixar bem claro sobre o que estamos falando. É muito comum associar a expressão “galinha de quintal” à “galinha caipira”, que é mais comercial e mais falada atualmente. Porém, não estamos aqui para falar de criações comerciais de galinhas caipiras. Vamos falar daquelas criações caseiras, do quintal da vovó.

A criação de galinhas nos quintais das casas das fazendas, e até mesmo das cidades, é muito comum Brasil afora. Afinal, as galinhas são aves fáceis de criar. Elas comem quase qualquer coisa, e reaproveitam restos de comida ou restos de vegetais de hortas, jardins e pomares. Além disso, elas ciscam o chão e as palhadas em busca de insetos, minhocas e até mesmo comem pequenos lagartos, sapos e cobras.

Podem dormir em árvores ou em poleiros facilmente improvisados com algumas varas ou restos de madeira. E com materiais simples assim e que não seriam aproveitados para outros usos, também podem ser construídos pequenos abrigos e ninhos.

Com poucas aves, em geral até 10 galinhas para um galo, uma criação de quintal pode fornecer ovos para toda a família, o ano inteiro. De reprodução fácil, e crescimento rápido, este pequeno lote inicial também pode ser a fonte de frangos para abate entre os 5 e 6 meses de idade.

Apesar de estarem vulneráveis a algumas doenças, as galinhas de quintal são tratadas facilmente, com remédios baratos e que podem ser dados a todas as aves, diluídos em água ou misturados na comida. E no pior dos casos, se alguma doença levar ao fim de todo o bando, após um período curto para limpeza e tratamento do ambiente, um novo lote de animais pode substituir o anterior.

E por falar em limpeza, a principal sujeira das galinhas de quintal são as suas fezes. Porém, elas são facilmente aproveitadas como adubos para as plantas do quintal. Esse adubo das galinhas pode ser usado fresco ou curtido e poucas aves podem produzir uma boa quantidade de matéria orgânica de alta qualidade para uso nas plantações domésticas.

As criações de quintal não servem somente para obter ovos e carne. Por isso, pequenas aves como as galinhas garnizé também tem seu espaço. Muito pequenas, mas bonitas e multicoloridas. No outro extremo, as compridas índio gigante também são um ótimo passatempo para os criadores.

Uma criação controversa é a de galos de briga. Apesar de ser um tipo de criação ainda muito comum no Brasil, a prática de rinhas de galos é considerada crime. No entanto, tanto em fazendas, quanto nas cidades, não é difícil encontrar pessoas que mantêm galos combatentes, como os das raças shamo e assel.

E com a “invasão” das raças ou tipos caipira desenvolvidos pela indústria de produção de aves, muitas criações de quintal contam com aves do tipo caipirão. Esse tipo de ave é o resultado de cruzamentos de raças puras do tipo caipira. Boa parte dessas raças puras foras desenvolvidas nos Estados Unidos da América (EUA), como a rhode island red, new hampshire, plymouth rock barrada e gigante negro de jersey.

Criação de galinhas nas cidades

Embora seja muito comum em todas as cidades brasileiras, a criação de galinhas em zona urbana pode não ser bem aceita. Existem cidades que inclusive proíbem a criação de galinhas na zona urbana. Contudo, nas periferias de todas as cidades, com certeza existem criações em quintais ou até mesmo com as aves soltas nas ruas.

Esse tipo de criação desordenada de aves soltas em ruas, pode expor os animais a riscos de atropelamentos, furtos, ataques de outros animais de rua. Além disso, as galinhas podem acabar encontrando lixo, com resíduos de diversas fontes, e se alimentar de maneira inapropriada. Esse tipo de criação pode colocar não apenas a saúde das aves em risco, como também das pessoas que convivem com elas ou consomem seus produtos (ovos e carne).

Atualmente, com a popularização das redes sociais, também vemos uma outra forma de criar galinhas nas cidades. Essas aves estão sendo criadas como animais de estimação. Algumas ganhando até mesmo roupas ou acessórios que recolhem suas fezes, para que possam ficar soltas pelas casas. É um tipo de criação que se espelha no que nós vemos mais comumente com gatos ou cachorros.

Como começar uma criação de galinhas?

Se você mora na cidade, a primeira coisa a fazer é se certificar que é permitido criar galinhas em zona urbana. Caso seja, você deve conferir também quais são as regras para esse tipo de criação. Já para quem possui chácara, sítio ou fazenda, tudo fica mais fácil.

Em ambiente rural ou urbano, as aves vão precisar de abrigo contra os fenômenos climáticos e predadores. Tenha pelo menos um pequeno galinheiro coberto onde possa instalar o comedouro, o bebedouro, um poleiro para as aves dormirem e 01 ninho para cada 04 galinhas. Se tiver plantas no quintal, delimite a área onde as galinhas vão poder circular. Uma horta de coentro, cebolinha e alface pode facilmente ser destruída por poucas galinhas, por exemplo.

Crie a sua rotina diária de cuidados, com os horários para fornecer alimentos, trocar ou reabastecer a água do bebedouro, recolher os ovos. Semanalmente, é preciso limpar o ambiente, retirando o excesso de fezes e restos de comida que possam estar no galinheiro. Em caso de suspeita de doenças, procure orientação de outros criadores ou de profissionais em casas agropecuárias ou médicos veterinários.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) possui informações sobre a criação de galinhas caipira, que podem ser úteis para quem deseja começar uma criação de galinhas de quintal.